Morada do vazio (tankas) e Nuvens de bolso (haikus), de Ricardo Corona, são resultados do apuro gradativo das formas poéticas orientais. O que agora a Editora Iluminuras está publicando é uma produção que remonta a década de 80, de uma longa pesquisa, que passou pela tradição e pelo imprescindível abrasileiramento. A edição traz os livros em uma pequena caixa e mostrá-los juntos, somente agora, é, para o autor, aceitar uma das principais exigências destas formas, a de que se trata de um encontro poético que nasce de fora para dentro. O haiku e o tanka sempre são um acontecimento. Descobrir isso foi um longo caminho que o autor ainda está percorre.

Morada do vazio
Tankas

Morada do vazio foi selecionado para o Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (PROFICE), com apoio da COPEL, reúne tankas, a forma mais praticada no Japão desde o século VII, quando a composição era feita por três estrofes, sendo duas com dois versos e uma com um verso, pontuando 31 sílabas: 5-7 | 5-7 | 7. Preferida pelas mulheres, a forma ganhou força na tradição literária quando se originaram os diálogos Soomon (amor), do gênero epistolar.
No Brasil, o tanka é pouco praticado se comparado ao haiku. O tanka é fundador da “ideia” de poesia (waka) no Japão antigo, conforme documentos do século VII. No Oriente o conceito grego de poesia (poiésis) não se desenvolveu como no Ocidente e o tanka, que era uma forma isolada, na qual se reconhecia o fenômeno que chamamos “poesia”, acabou por influenciar na criação de um termo próprio para ela. Assim “poesia” passou a ser chamada de “waka”. O termo, no entanto, aproxima-se mais de “tanka” do que de “poiésis”.
Em português, sabe-se, é muito difícil manter a montagem silábica nos versos sem endurecer o poema, dada a diferença aguda entre as línguas japonesa e portuguesa. Na medida do possível, para os tankas de Morada do vazio, aplicam-se os ensinamentos apontados por Fujiwura Hamanari em sua obra Kakyôhyôshiki — um estudo sistemático da poesia japonesa. Este estudo, divulgado entre nós por Geny Wakisaka, é um pequeno tratado de regras, em especial para o tanka, considerando que Hamanari escolheu essa forma para aplicar suas normas, que devem ser adotadas para uma melhor estrutura fonética. Hamanari apenas indica o que considera as sete enfermidades que não se deve praticar ao escrever o tanka. São elas: Tôbi, Kyôbi, Koshibi, Hokuro, Yûfûbyô, Dôseiin e Henshin.
Ricardo Corona fez uso da forma, mas manteve-se livre de sua rigidez e buscou o waka para seus tankas que são inevitavelmente brasileiros. Nesse sentido, como admirador do artista Hokusai, procurou seguir o espírito do ukiyo-e, aplicando esse conceito budista que acessa a simplicidade mundana da vida, seus pequenos e fúteis movimentos. Hokusai porque foi com a sua arte que aprendeu a ver e sentir o ukiyo-e, inclusive na derivação dada por ele, aproximando esse olhar sobre o cotidiano com um “viver o dia”, que é também tão budista: viver o aqui e agora. Seus tankas são medidas desse olhar.

Código: 163104
EAN: 9786555192032
Peso (kg): 0,004
Altura (cm): 4,00
Largura (cm): 4,00
Espessura (cm): 4,00
Especificação
Autor Ricardo Corona
Editora ILUMINURAS
Ano Edição 2023
Número Edição 1

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Morada do vazio + Nuvens de bolso

  • Disponibilidade: Esgotado
  • R$69,00