• O uso do punhal

Para William Empson (Seven types of ambiguity), a consciência do poeta moderno é palco do interminável embate entre contrários que se atraem e se repelem: a poesia é o reduto definitivo da ambiguidade. "O uso do punhal" (selo Escrituras, ilustrações de Sérgio Gomes), de Álvaro Alves de Faria, se prestaria admiravelmente a que o crítico norte-americano reforçasse a sua tese, incluindo o poeta brasileiro no seleto grupo formado por Walt Whitman, William C. Williams, W. Stevens, T. S. Eliot e outros.
Essa ambiguidade, em destaque no texto das orelhas do livro, escrita por Carlos Felipe Moisés, é representada “de um lado, pelo horror de continuar vivo (‘devia ter-me matado aos 37 anos’), a arrastar pelas ruas uma existência vazia de sentido; de outro, pela gloriosa afirmação da vida plena: ‘com minha bicicleta voadora / atravesso as nuvens cheias de chuva / e pedalo de encontro ao infinito / ... / com minha bicicleta voadora / sou herói de mim mesmo’. Quanto mais dramática é a cólera com que o poeta se pune, mais diáfana é a ternura com que se auto absolve – como ao voltar das ruas com ‘o bolso cheio de estrelas, / ... / às vezes algumas luas nas mãos’”.
Álvaro Alves de Faria é um dos nomes mais significativos da Geração 60 de Poetas de São Paulo e autor de mais de 50 livros nos gêneros, novela, romance, ensaio literário, teatro e poesia. Recebeu, por duas vezes, o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro (1976 e 1983) e, por três vezes, o Prêmio Especial da Associação Paulista de Críticos de Arte (1981,1988 e 1989), pelo trabalho desenvolvido no jornalismo cultural em defesa do livro. Sua peça de teatro Salve-se quem puder que o jardim está pegando fogo ganhou o Prêmio Anchieta para Teatro, um dos mais importantes dos anos 1970. A peça, no entanto, foi proibida 15 dias antes da estreia e permaneceu censurada até a abertura política. Nos anos 1960 deu início aos recitais públicos de poesia em São Paulo, quando lançou seu livro O sermão do viaduto, em pleno Viaduto do Chá, cartão-postal da cidade. Com um microfone e quatro alto-falantes realizou nove recitais no local e foi preso cinco vezes como subversivo pelo Departamento de Ordem Pública e Social (DOPS). Voltou a ser detido em 1969, por desenhar os cartazes do Partido Socialista Brasileiro. Há 15 anos dedica-se à poesia de Portugal, país onde tem 11 livros publicados. Essa trajetória, na terra de seus pais, começou quando representou o Brasil no Terceiro Encontro Internacional de Poetas na Universidade de Coimbra, em 1998, a convite de Graça Capinha. Foi o poeta homenageado no X Encontro de Poetas Ibero-americanos, em 2007, em Salamanca, na Espanha, convidado pelo poeta peruano-espanhol Alfredo Perez Alencart, da Universidade de Salamanca. Teve publicada, no evento, a antologia de poemas Habitación de olvidos (Fundación Salamanca Ciudad de Cultura), com seleção e tradução de Alfredo Perez Alencart. Participa de mais de 70 antologias de poesia e contos no Brasil e no exterior. Sua obra é traduzida para o espanhol, francês, italiano, inglês, japonês e servo-croata.
O leitor de O uso do punhal terá uma grata surpresa ao usar uma lente para observar o olho da ave presente na capa. Ao pegar na mão pequeno corpo desse pássaro morto,sinto o tamanho de minha insignificância neste universo que não me pertence. Álvaro Alves de Faria

Código: 167385
EAN: 9788575314784
Peso (kg): 0,180
Altura (cm): 23,00
Largura (cm): 16,00
Espessura (cm): 0,80
Especificação
Autor Álvaro Alves de Faria
Editora ESCRITURAS
Ano Edição 2013
Número Edição 1

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O uso do punhal

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