A primeira definição para a palavra “surrealismo” foi publicada pelo poeta, romancista e ensaísta francês Louis Aragon (1897 – 1982), integrante da primeira constelação de autores que deram forma ao movimento surrealista. Elaboração poética sobre os acontecimentos que envolvem a formação do grupo surrealista no início da década de 1920, o texto de Aragon apresenta a eclosão do movimento em sua vivência.
Inédito no Brasil, Uma vaga de sonhos chega às livrarias pelas Edições 100/cabeças com tradução, notas e posfácio de Flávia Falleiros, que classifica a presente publicação como um “texto-chave” para a compreensão da formação do movimento e de sua prática e um “importante testemunho histórico” sobre o período.
“Publicar Uma vaga de sonhos em 2024, ano do centenário do texto original, é um passo importante para compreender como se iniciaram as primeiras teorizações do surrealismo. Além disso, com a distância do tempo, permite também compreender como o movimento surrealista evoluiu de lá para cá e por que ele ainda nos fornece chaves para pensar nosso presente”, afirma a tradutora.
Escrito a partir de intensos diálogos com André Breton, Uma vaga de sonhos apresenta os termos “surreal” e “surrealidade” meses antes da publicação do primeiro Manifesto do surrealismo, considerado o marco inaugural do surrealismo. O texto de Aragon foi publicado em outubro de 1924 e o de Breton, em dezembro.
Em uma entrevista de 1968 a Dominique Arban, Aragon destaca que seu texto trazia uma espécie de definição bastante ampla que, embora ainda não fosse a do Manifesto do surrealismo, já se apresentava “como manifesto de um movimento, o qual se seguiu a este texto em apenas alguns meses”.
A essência das coisas, argumenta Aragon, não está de modo algum conectada à sua realidade: “[…] há outros vínculos, além do real, que o espírito pode captar” e que “também são primordiais, como o acaso, a ilusão, o fantástico, o sonho. Esses diversos aspectos estão reunidos e conciliados num gênero, que é a surrealidade.”
Flávia Falleiros destaca que o surrealismo nasceu com um espírito insurgente, em busca de um mundo e de uma vida reencantados, após a eclosão da Primeira Guerra Mundial. Olhando para o ano de 2024, em que as guerras, a exploração, o obscurantismo e até o “o velho colonialismo tirânico” se colocam como “grilhões” que sujeitam homens e mulheres à degradação da própria ideia de humanidade, Falleiros ressalta atualidade do surrealismo por meio de seu potencial libertador.
O surrealismo busca o horizonte no qual o dilema do confronto entre a vida justa, emancipada, e a arte libertadora cessará de existir, frisa Flávia Falleiros em seu posfácio. “A atualidade do surrealismo está aí, precisamente: seu ímpeto libertário nos encoraja à recusa desse estado de coisas e nos impele à luta […]. Por isso afirmei, também no posfácio à tradução de Uma vaga de sonhos, que o sonho não acabou e que a busca de um horizonte utópico, tal como a praticaram os surrealistas é, hoje, mais imprescindível do que nunca.”
Código: |
200825 |
EAN: |
9786587451213 |
Peso (kg): |
0,150 |
Altura (cm): |
19,00 |
Largura (cm): |
14,00 |
Espessura (cm): |
1,00 |
Especificação |
Autor |
Louis Aragon |
Editora |
100/CABEÇAS |
Ano Edição |
2024 |
Número Edição |
1 |