Nesta obra, a autora convida o leitor a vasculhar e saborear a comida preparada nos escritos das santas mulheres. Mediante metáforas e analogias, leva a relações místicas, destaca a presença de sentido e compartilha o prazer de cozinhar, comer e aprender na mesa divina, na cozinha de Deus.
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Comentário do Pe. Paiva (Raul Pache de Paiva, SJ), diretor de redação da revista Mensageiro do Coração de Jesus, uma publicação de Edições Loyola.
O título é provocante e a apresentação, por vezes, picante, mas é uma obra original, forte, com rico índice remissivo, que contribui para atestar a cultura superior e capacidade de leitura da Autora. O livro, contudo, não resvala para a erudição. Pelo contrário, parece massa de pão macio e saboroso, com sementes de gengibre! É bem humorado da primeira à última página. Vejam este parágrafo logo no início, nos “Agradecimentos”: “Embora se diga que muitos cozinheiros entornam o caldo, não foi como cozinheira solitária que preparei este livro. As dívidas intelectuais, espirituais e culinárias contraídas ao longo destas páginas, e, é claro, escrevê-las, são tantas que quase não dá para contar” (p. 9). Na conclusão: “Ler sobre comida me deixa com fome. Como, às vezes, ler sobre comida me dá vontade de cozinhar. Embora eu asse pão toda semana, lave alface quase diariamente e prepare regularmente a maioria das outras comidas mencionadas nos escritos das santas mulheres – lasanhas com verduras, cozido, peixe seco, uma variedade de bolos e, até,ocasionalmente, um simples queijo – Deus (ainda) não andou entre minhas panelas e frigideiras como fez com Teresa de Ávila, nem tenho epifanias filosóficas na boca do meu pequeno e pesado fogão usado, como Sor Juana” (p. 219). Espero que estes pequenos bom bocados lhe abram apetite para se banquetear com este delicioso livro. Contudo, é bom ler este parágrafo para não ficar com a impressão de que tudo é doçura neste forte escrito: “ ‘Prefiro vinagre ao açúcar’?! O gosto de Teresa evidentemente mudou no convento, onde o ácido substitui o doce e a salada da critica sacia o paladar farto de Teresa (Santa Teresinha). A crítica aberta das noviças a Teresa ‘É um banquete deliciosos, que enche minha lama de alegria’; e, diante de uma crítica particularmente afiada ‘minha alma apreciava a comida amarga servida em abundância’. ‘Açúcar e tempero, tudo mais com esmero’, já não são mais suficientes. Teresa confessa estar enjoada da doçura, pronta para experimentar um prato diferente – e, especialmente, tornar-se um: se Teresa, como alimento, não agrada às noviças, provavelmente é porque, não sendo mais criança, sua doçura torna-se ácida” (p 213).