A obra de carteador de Mário de Andrade ainda não totalmente publicada já é reconhecida como um monumento literário, digno de figurar com orgulho em qualquer língua. Esse personagem múltiplo, que se autodefinia sem modéstia como "trezentos", "trezentos-e-cinquenta", foi também
protagonista de uma experiência inédita, a de diretor do Departamento de Cultura e Recreação da prefeitura de São Paulo entre 1935 e 1938.
As cartas que enviou a Paulo Duarte, seu companheiro dessa aventura política, são candentes, confessionais e muito esclarecedoras das condições em que se implantou uma improvável intervenção do poder político na máquina pública para promover o acesso à cultura de indivíduos desprovidos de lazer numa cidade que cultua o trabalho.
Paulo Duarte concebeu o Departamento de Cultura e teve o mérito adicional de convocar Mário de Andrade, Sérgio Milliet e Rubens Borba de Moraes para conduzi-lo. A si reservou o papel de tutor do projeto, instalado na chefia de gabinete do esclarecido prefeito Fábio Prado. Foram três anos palpitantes de muita dedicação, descoberta e realização. No entanto, a experiência não vingou. Foi esterilizada pela ditadura do Estado Novo. Mário nas cartas irá se lamentar de não ter sido capaz de institucionalizar o Departamento de Cultura. Teria isso sido possível num país que nunca concluiu a inserção da população numa sociedade de direitos básicos?
Mário de Andrade viveu o drama do Departamento de Cultura como uma derrota pessoal. E chegou a declarar: "O Departamento é o meu túmulo". Este livro é de Mário de Andrade, mas também de Paulo Duarte, unidos na paixão comum pela potência da cultura como fator de emancipação social.
Código: |
78183 |
EAN: |
9786556922430 |
Peso (kg): |
0,710 |
Altura (cm): |
20,80 |
Largura (cm): |
13,50 |
Espessura (cm): |
3,20 |
Especificação |
Autor |
Paulo Duarte |
Editora |
TODAVIA |
Ano Edição |
2022 |
Número Edição |
1 |