“O texto procura esclarecer a situação dramática que é a perda de uma gestação ainda no início do processo gestacional, com esse propósito os capítulos são iniciados por resumos de situações clínicas reais, atendidas por mim, mas com modificação da identificação das personagens. O abortamento espontâneo é experiência difícil para todos envolvidos no processo, obviamente os mais diretamente afetados serão o binômio materno-fetal e seu parceiro, contudo a percepção da impotência frente a esta situação é motivo de desconforto também para os profissionais de saúde que acompanham essas gestantes. Existem diferentes formas clínicas dos abortamentos, cada qual com sua evolução mais habitual. São disponíveis modernamente alguns medicamentos com propostas específicas de uso para cada um desses fármacos, contudo, a eficácia, especialmente em situações mais precoces, ainda é insatisfatória. Não é fácil para os envolvidos assimilar a realidade que aquele abortamento será inexorável. Procuramos reduzir o impacto do problema alertando ao casal que essa má evolução da gestação pode ter sido devido a problemas genéticos graves do bebê, que iriam possivelmente impossibilitar a vida depois de nascido, caso a gravidez pudesse ser levada a termo. Essa verdade científica consola, mas não cura a dor da perda. Tópico muito importante é como se empoderar para enfrentar o luto dessa perda. Dra. Zilda Moretti, psicóloga com larga experiência em perdas decorrentes da morte e o processo de elaboração do luto apresenta sua visão do problema e dá algumas sugestões de como se comportar frente a essa situação. Conhecer o que se passou em seu organismo após um abortamento, bem como entender como poderá evoluir um quadro inicial de ameaça de abortamento, são condições importantes para tranquilizar casais que vivenciam ou que já experimentaram perdas decorrentes do abortamento espontâneo.”