Na segunda metade da década de 1920, sob duas latitudes diferentes, uma figura especular se deixou projetar no espaço cultural, na mente de um folclorista russo, professor da Universidade de Leningrado, e na de um romancista brasileiro e estudioso do folclore, de São Paulo. Exatamente em 1928, Vladímir Propp, por um lado, e Mário de Andrade, por outro, lançam suas obras fundamentais, respectivamente a Morfologia do Conto Maravilhoso e o Macunaíma. A Morfologia do Macunaíma, de Haroldo de Campos, estudo iniciado em 1967, é uma análise minuciosa das projeções mutuamente complementares dessa figura, assim como, em termos mais gerais, uma indagação e discussão aprofundada dos métodos e problemas da moderna semiologia da prosa.