D. A.é o décimo livro de Arnaldo, depois de Psia(1986), Tudos (1990), As Coisas (1992), 40 Escritos (ensaios, 2000) e Palavra Desordem (2002), lançados também pela Iluminuras, além de 2 ou + corpos no mesmo espaço, pela Perspectiva (1997), ET Eu Tu (com imagens de Márcia Xavier, 2003), pela Cosac Naify e das antologias Como é que chama o nome disso, (Publifolha, 2006), Doble Duplo (Ed. Zona de Obras/ Tangará, Espanha, 2000), Antologia (Quasi Edições, Portugal, 2006) e a recém-lançada Melhores Poemas (organizada por Noemi Jaffe, Ed. Global, 2010).
Sua última reunião de poemas inéditos foi lançada como parte da antologia Como É Que Chama O Nome Disso, de 2006, mas não havia saído como volume autônomo. Essa seção, intitulada Nada de DNA, foi incorporada agora como um apêndice deste novo volume. Para além do diálogo formal entre os títulos, N. D. A. parece compor com Nada de DNA um volume poético bem coeso, dentro de sua variedade de formas.
A relevância dos aspectos rítmicos, a busca por síntese e precisão, a fragmentação de vocábulos que sugerem múltiplas leituras no mesmo espaço sintático e o uso de elementos gráfico-visuais, são alguns traços dessa poesia, que ainda dialoga com a tradição de canção popular, exercida por Arnaldo em seu trabalho como cantor e compositor.
Em N. D. A., Arnaldo parece tensionar os limites das duas principais direções de seu trabalho poético — nos verbais, experimenta formatos mais longos, de até três ou quatro páginas. Nos visuais, além dos já explorados recursos de variação de tipos, disposição das letras na página, mescla de palavras e imagens; apresenta agora também alguns poema-objetos, expostos em 2008, em mostra individual na galeria Laura Marsiaj (Rio de Janeiro) e, em 2009, na mostra Ler Vendo, Movendo, realizada no Paço da Liberdade (SESC PR), fotografados por Fernando Laszlo. Tudo isso equilibrado pelo projeto gráfico, assinado pelo próprio autor.
D. A. traz ainda uma parte de Cartões Postais— reunião de fotos de placas e escritos urbanos que, deslocados de seu contexto original, adquirem poeticidade, gerando novos significados. A sequência das fotos acaba por sugerir uma narrativa oculta, que associa locais diferentes por elos de sentidos imprevistos.