Maria é a personagem central desta publicação. Os fatos aqui relatados foram feitos por ela própria. Maria nasceu de um estupro. Sua mãe foi violentada por um homem poderoso proveniente das elites mais atrasadas do Vale do Rio Doce, região de Minas Gerais onde até hoje os costumes da escravização estão presentes na vida dos habitantes, e não seria injusto e nem temerário afirmar que algumas relações entre patrões e empregados se emolduram em uma relação escravagista. A mãe de Maria tinha apenas 12 anos e já carregava um bebê no colo. Tinha que alimentar a criança e destinar a ela todos os cuidados, uma recém-nascida de nome Maria, que, 55 anos depois, teve um fortuito encontro e muitos diálogos com este candidato a escritor. Temos uma dívida impagável com os escravizados, que dedicaram o trabalho de muitos braços e pernas para construir este país, que permanece socialmente tão desigual. Escravizado não sabia ler ou escrever. Era proibido. Eram obrigados, sim, a assumir os hábitos religiosos dos escravizadores e a trabalhar nas minas ou no cultivo do café e da cana. Eram tratados como mercadorias que podiam ser vendidas ou trocadas por dívidas. Maria é proveniente desta cultura perversa, que dividia os seres humanos pela cor da pele. Maria tem a pele preta. Ela própria é quem diz: — Eu não sou negra. Eu sou preta.
Código: |
76820 |
EAN: |
9786525115351 |
Peso (kg): |
0,280 |
Altura (cm): |
23,00 |
Largura (cm): |
16,00 |
Espessura (cm): |
0,60 |
Especificação |
Autor |
José Ferrari |
Editora |
EDITORA CRV |
Ano Edição |
2021 |
Número Edição |
1 |