Neste relato urgente, Marina Rossi fala sobre como a pecuária está transformando a maior floresta tropical do mundo em pasto.
Com uma escrita precisa e indignada, este livro-reportagem revela como a pecuária — ao mesmo tempo motor e disfarce do desmatamento — tem ocupado ilegalmente vastas áreas da maior floresta tropical do planeta. O pasto é aberto com fogo, o gado chega, e a terra, grilada, se torna lucro. Tudo dentro de um sistema barato, eficiente e amplamente
tolerado.
Mas, em vez de números abstratos e comparações com campos de futebol, a devastação aqui é contada por meio do prato feito do bar da esquina. De onde vem aquele bife? Que trilha percorreu até chegar ao seu garfo?
A investigação começa com os primeiros bois trazidos ao Brasil, atravessa os matadouros do litoral colonial, passa pela ocupação forçada da Amazônia durante a ditadura militar — quando milhares de famílias foram enviadas para as “terras sem homens” —, e desemboca nos conflitos sangrentos e silenciosos que ainda hoje marcam a região.
Ponto alto da narrativa, a viagem pelo Pará nos leva a cidades como Eldorado dos Carajás, Xinguara e São Félix do Xingu. É por esse caminho que conhecemos os bastidores do chamado “boi lavado”, uma artimanha de triangulação que permite que a carne oriunda de áreas embargadas chegue “limpa” aos frigoríficos e, dali, aos
supermercados — sob o selo de sustentabilidade de grandes redes varejistas.

Mas nem tudo está perdido. O livro também dá voz a produtores responsáveis e iniciativas que provam que é possível, sim, produzir sem devastar a floresta. Em meio ao caos, há escolhas e caminhos. Este livro é um convite urgente à consciência e à ação. Porque entender o ciclo da carne é entender, também, o ciclo da destruição. E como quebrá-lo.