A juventude é um período de transição entre a infância e a vida adulta. Ao longo desse processo são possíveis diversas trajetórias que podem definir o futuro do jovem. Esse trabalho busca compreender os motivos que levaram a cerca de 10 milhões de jovens brasileiros a nem trabalharem e nem estudarem entre 2004 e 2015 a despeito de uma série de políticas públicas voltadas para a sua inserção no mercado de trabalho e no sistema de ensino e do crescimento econômico que propiciou uma grande quantidade de novos empregos em parte deste período. Na análise foi utilizado o conceito internacionalmente aceito de jovens nem-nem, que abarca os subconjuntos de jovens inativos e de desocupados. Os resultados mostram que os jovens de cada um desses subconjuntos possuem características distintas, contudo existe um dinamismo na condição nem-nem. Ou seja, uma parcela significativa desses jovens migra para outras condições de atividade e frequência escolar. Os homens conseguem transitar mais facilmente da condição nem-nem para as demais condições do que as mulheres. Os jovens com mais escolaridade também migram mais facilmente. Apesar de haver uma relativa estabilidade na quantidade de jovens nem-nem no País no período, existem grandes diferenças regionais. Houve aumento substancial nas regiões Norte e Nordeste, estabilidade nas regiões Sul e Sudeste e redução na região Centro-Oeste. As diferenças por gênero no trabalho reprodutivo, a gravidez precoce das adolescentes, o abandono escolar antes da conclusão do ensino médio e a falta de oportunidades de emprego para os jovens são os principais motivos por detrás deste fenômeno no Brasil