Giorgio Agamben, nos ensaios que compõem Nudez, desdobra um procedimento muito caro a Furio Jesi: o problema da festa, ou melhor, do tempo festivo. O paradigma com que Jesi confronta tal problema é justamente o da máquina mitológica. Agamben sabe que o que é necessário não é destruir a máquina em si, mas a situação que torna as máquinas produtivas; e o risco que se corre nessa possibilidade de destruição é exclusivamente político, pois a máquina negativa, escreve Agamben, produz o nada a partir do nada, e essa é a política em que vivemos. E, para destruir tal situação, é necessário recuperar a festa do pensamento através da inoperosidade. Porém, a inoperosidade como procedimento não significa, por exemplo, resistência de um corpo ao movimento ou ao repouso. E, nesse sentido, compreendemos melhor a presença de uma reflexão provocada por uma performance da artista Vanessa Beecroft, ou a presença de Kleist, com sua marionete que articula uma zona de não conhecimento em seu corpo: sim, tal articulação requer a presença de um não saber, de algo que nos escapa, como uma dança (aqui, dança entendida como libertação do corpo de seus movimentos utilitários). A inoperosidade, portanto, faz as partes inutilizáveis do corpo glorioso dançarem. Em última análise, a potência, na inoperosidade, não está desativada: a inoperosidade coincide, portanto, com a própria festividade, com o fazer a festa, ou seja, com o consumir, desativar e tornar inoperosos os gestos, as ações e as obras humanas. Davi Pessoa
Código: |
33765 |
EAN: |
9788582173879 |
Peso (kg): |
0,242 |
Altura (cm): |
21,00 |
Largura (cm): |
14,00 |
Espessura (cm): |
1,10 |
Especificação |
Autor |
Achille Mbembe |
Editora |
AUTÊNTICA |
Ano Edição |
2014 |
Número Edição |
1 |