A psicanálise tem o que oferecer à medicina, à psiquiatria, à saúde mental, à cultura. Sua contribuição não é importante sob o ponto de vista quantitativo; sua validação não se faz pelo método estatístico. Constatação particularmente preciosa nos dias atuais, em que prevalece verdadeira ditadura da quantificação. A importância de sua contribuição é de ordem qualitativa. E ainda que seu alicerce seja constituído de casos únicos, isso não impede a construção de afirmações de validade geral. Para Lacan, tudo o que a psicanálise sabe sobre a neurose obsessiva se deve à análise que Freud realizou do homem dos ratos. Outro exemplo: Freud causou escândalo ao afirmar a existência da sexualidade infantil. Hoje, há quem se oponha a essa concepção? A contribuição da psicanálise não é da ordem da boa nova, não é da ordem da salvação, é da ordem do questionamento. Ajuda a evitar proposições simplistas e a devolver a cada problema a complexidade que lhe pertence. A psicanálise interpela seus próprios parâmetros e os próprios psicanalistas! O ensino de Lacan é magnífica prova do que acaba de ser dito. Miller cunhou a expressão Lacan contra Lacan, para discernir como foi possível contestar e refazer incessantemente o próprio percurso, a ponto de formular, em diferentes momentos, proposições diametralmente opostas. O que não é exclusividade da psicanálise. A física, considerada disciplina paradigmática da ciência, apresenta algo correlato, que pode ser captado quando se aproxima a mecânica clássica da teoria da relatividade e da mecânica quântica. Os tópicos delineados são desenvolvidos nos ensaios que compõem o livro.
Código: |
27725 |
EAN: |
9788544407486 |
Peso (kg): |
0,400 |
Altura (cm): |
23,00 |
Largura (cm): |
16,00 |
Espessura (cm): |
1,60 |
Especificação |
Autor |
Francisco Paes Barreto |
Editora |
EDITORA CRV |
Número Edição |
1 |