A marca do tempo presente é a transformação. Num ritmo acelerado, o sistema mundial capitalista vem mudando seu modo de ser desde o final do século XX. Um olhar para a história faz crer que na sucessão da longa crise que se desenrola em uma recorrência de pequenos ciclos de expansão sempre revertidos na volta da crise, uma nova fase de desenvolvimento do capitalismo mundial deveria estar por ocorrer. Entretanto, o retorno à prosperidade e ao crescimento econômico não parece ao alcance de uma grande parte do planeta. O que se vê pelo mundo é uma sucessão de espasmos de inchaço e explosão de bolhas financeiras, enquanto a economia real permanece em marcha lenta. Parece que o desenvolvimento econômico é um fenômeno restrito a uma porção do continente asiático. A maior parte do mundo está aprisionada entre estagnação e baixo crescimento. Diferentemente de outros momentos da história, a dominação do capital financeiro e o funcionamento do mercado autorregulável não parecem estar preparando um encontro com a abundância. Antes disso, a concentração da riqueza e do poder econômico atinge níveis inimagináveis, assim como sua contraparte, a exclusão, a miséria, a destruição das formas de subsistência tradicionais das comunidades humanas e a devastação dos recursos naturais. Este livro busca entender por que essa perspectiva sombria veio ocupar o lugar da prosperidade que o capitalismo anunciava para o mundo contemporâneo. “O encontro entre o Tauile e o Faria não poderia ter sido mais promissor. Ambos marxistas, enquanto o primeiro se voltava para questões relativas ao processo da produção e do trabalho, o segundo dirigia suas preocupações para a moeda, o crédito e as crises. Como diria o Tauile, o encontro dos dois “deu samba”. Além da tese de doutorado, resultou neste livro profundo que demorou, mas chegou em ótimo momento.”
João Saboia