O premiado escritor espanhol Rafael Argullol elabora uma série de considerações sobre o fim do mundo e suas representações artísticas em O fim do mundo como obra de arte. São 71 micro-ensaios, coligados entre si, em que o autor levanta aspectos filosóficos da história mundial, combinando-os a importantes figuras mitológicas da ficção por meio de uma simbiose entre Arte e História, Cultura e Ideologia, Criação e Destruição. Os personagens que protagonizam os textos são sete: Prometeu, o herói de Ésquilo e, com ele, o mundo da Tragédia grega; o Apocalipse, atribuído a São João e sua relação com a herança profético-messiânica; o Juízo Final, segundo Michelangelo; Fausto, como símbolo que escapa do domínio de seu próprio criador, Goethe; o Crepúsculo dos deuses e a cenografia de Richard Wagner; Hitler e seu sonho de arquiteto; e o Cogumelo Atômico, ícone maldito de nossa época, visto sob a perspectiva do físico Robert Oppenheimer. Argullol refere-se a esta sua obra como um relato, uma narrativa desprovida de pretensões de objetividade, no qual o argumento principal — o fim do mundo como obra de arte — é entendido sobretudo como um mecanismo de simulacro, um aparato da poderosa aparência tragicômica na qual se fundamenta a nossa cultura. Daí o subtítulo: um relato da cultura ocidental. Segundo o autor, os protagonistas foram escolhidos aleatoriamente, mas existe um elo que os une: uma herança espiritual que adquire o valor de estigma e que funciona como um cenário nos quais transcorre uma grande representação, como explica na introdução do livro. Io, figura mitológica, filha de Ínaco, abre e encerra o conjunto dos textos, servindo então como destaque. Quase desconhecida na modernidade, foi um mito ilustre na Antigüidade. Após ser possuída por Zeus, recebeu severo castigo dos céus. Transformada numa linda vaca era picada eternamente por um moscardo, o que a obrigava a fugir em peregrinação interminável, de sentido indecifrável para ela, até encontrar Prometeu. Sem capacidade de raciocínio, não tinha condição de compreender mas, ao mesmo tempo, estimulada pela dor, tratava de decifrar o sentido de seu périplo. Io se torna o símbolo da reflexão proposta por Argullol: um questionamento dos "grandes ideais" que, por meio de seus mitos e lendas, influenciam os homens na busca pelo entendimento das representações.
Código: |
118625 |
EAN: |
9788532514578 |
Peso (kg): |
0,200 |
Altura (cm): |
21,00 |
Largura (cm): |
14,00 |
Espessura (cm): |
0,10 |
Especificação |
Autor |
Argullol |
Editora |
ROCCO |
Ano Edição |
2002 |
Número Edição |
1 |