“Lendo os contos, lembrei-me de um amigo que cultuava o Millôr Fernandes e em diversos encontros soltava uma frase do humorista que sempre provocava risos: “Nunca faças amanhã o que podes fazer na semana que vem!” Tudo a ver com Os Proteladores. Millôr teria gostado do livro. Mas o que pensar a respeito deste fenômeno da protelação? Por que protelamos? O que a protelação traz como benefício? É curioso este mecanismo humano da protelação e, a meu ver, é uma prova cabal de que por mais que nos pensemos como seres racionais, somos muito mais movidos pela nossa vida emocional. Sabemos que não poderemos deixar de cumprir as tarefas, mas ficamos no gozo da protelação até não poder mais. Sei que se o regime não for iniciado e o cuidado com o corpo não for levado adiante, em algum momento terei de pagar pela protelação, mas acredito que fazemos uma equação emocional mais ou menos assim: deixe-me começar amanhã e gozarei bastante hoje. Acredito que com a capacidade que o Cláudio teve de narrar todos estes episódios de protelação, seus leitores serão fisgados, e, em momentos de maior imersão em si mesmos, se deliciarão com as muitas histórias do livro e poderão parar para refletir em suas próprias vidas e, quem sabe, modificarem certos processos de protelação. Boa leitura! Retirado do Prefácio escrito pelo Psicanalista André Growald