Ficar por longos minutos olhando e sendo olhado. Olhar nos olhos do outro. Olhar nos olhos das coisas. Ser olhado pelo outro. Ser olhado pelas coisas. Num dos seus poemas Cristiano de Sales pergunta: e se fotografar for / se demorar um pouco mais / nas coisas? O amor pode que tem a ver com isso: procurar enxergar de verdade, permanecer um tempo e aceitar o movimento. E dançar o movimento. Os olhos tocam aquilo que percebem e o modo como se comportam, por tocar e ser tocados, é o seu estar no mundo. Neste de silêncios e demoras é como se o poeta nos dissesse: não posso olhar as coisas sujas sem me sujar com elas; não posso olhar as coisas lindas sem me lindar com elas. Porque, no final das contas, parece mesmo não haver outra vizinhança (nem esperança) além do corpo a corpo. A poesia de Cristiano de Sales tem esta relação corporal com a cidade, com o tempo, com o outro, com a poesia. Experimenta limites, faz aproximações, espera, então, novas aproximações. As intensidades estão aí, as marcas nas superfícies e a subjetividade das profundidades.
Código: |
95493 |
EAN: |
9786599133701 |
Peso (kg): |
0,158 |
Altura (cm): |
18,30 |
Largura (cm): |
12,30 |
Espessura (cm): |
1,00 |
Especificação |
Autor |
Cristiano de Sales |
Editora |
CAJARANA |
Ano Edição |
2020 |
Número Edição |
1 |