O livro de Adriana Borges, resultado de cuidadoso trabalho de pesquisa nos acervos do Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff e do Instituto Pestalozzi de Minas Gerais, no Brasil, e nos arquivos do Instituto Jean-Jacques Rousseau, na Universidade de Genebra, Suíça, traz informações de grande relevância para a psicologia e para a educação especial e inclusiva na atualidade. Examinando os escritos da psicóloga e educadora Helena Antipoff e sua prática na avaliação e orientação de crianças e adolescentes atendidos pelo Instituto Pestalozzi de Minas Gerais, instituição pioneira no cuidado com os chamados “excepcionais” e até hoje referência na área no Brasil, a autora desvela com maestria os processos de constituição de modelos de interpretação e de tratamento de transtornos de aprendizagem e de desenvolvimento que em larga medida continuam a nortear a prática de psicólogos e educadores na contemporaneidade. O trabalho desperta ainda mais nossa curiosidade ao revelar um dos momentos cruciais na estruturação da profissão do psicólogo entre nós. Essa atividade veio a ser regulamentada em 1962 e conta atualmente com um dos maiores contingentes de profissionais da área existentes no mundo, segundo dados do Conselho Federal de Psicologia. Assim, a pesquisa de Adriana ao mesmo tempo nos ajuda a compreender a história dessas inovações, de grande impacto na psicologia e na educação especial, e nos convida a reinventar nossa área de estudo em suas conexões com os processos educativos. A complexidade dessas conexões, fortemente marcadas pelo contexto em que se inserem e pelas demandas e perspectivas dos profissionais envolvidos, torna-se mais inteligível.