O presente livro, abordando as reflexões do filósofo francês Paul Ricoeur (1913-2005), e adentrando em sua obra Da interpretação, pretende responder à pergunta: Quem? Quem é o sujeito da reflexão depois da suspeita freudiana? Para Ricoeur, depois das descobertas de Freud, do realismo do inconsciente, a reflexão foi posta em dúvidas, pois tudo o que se pensa ser, pode ser meras ilusões, devaneios. O escopo deste livro é colocar sob suspeita suas próprias reflexões. É cogitar que uma pessoa pode ir além de certas opiniões fechadas e unilaterais, pois é um ser que não possui coincidência de si consigo mesmo, é desproporcional. Pensar a desproporção do sujeito, numa primeira impressão, soa como algo negativo, como se desejasse levantar uma “bandeira” da negatividade, uma negação de si mesmo, mas é justamente o contrário, pois possibilita vislumbrar que um sujeito não se encontra pronto e acabado, mas é aquele que pode ir se construindo ao longo da história e de suas escolhas. Ser, não ser, não coincidir, idas e vindas, é o que aqui se pretende. Uma pessoa pode aprender a lidar com suas próprias angústias e talvez ascender para alegria, mas para tais possibilidades é necessário se fazer uma pergunta: Você é quem pensa ser?