Ninho tem como inspiração o conceito espacial do artista brasileiro Hélio Oiticica que experimentava a força cinética e participativa em suas obras, definindo essa arquitetura como um espaço vivo que gesta experiências comunitárias, improvisa acontecimentos e nutre coletividades.
Nesta edição, o subtítulo “em voo nos queremos” alude às práticas antimanicomiais, evocadas nos trabalhos artísticos de Flávia Mielnik, Cibele Lucena e Beth Ziane.
As artistas recolheram narrativas de pássaros junto a usuários e profissionais do Centro de Atenção Psicossociais (CAPS), Centro de Re- ferência de Assistência Social (CRAS) e outros equipamentos de saúde mental, colocando a questão: “se você fosse um pássaro, qual seria?”
Uma série de outras perguntas nos mobilizam: como suscitar a liberdade do voo em bando? Como nutrir a certeza da segurança de um espaço como impulso ao risco com o estranho, o desconhecido, o inesperado? Como experimentar esse prazer expansivo, mas que também solicita prudência, firmeza e atenção?
Essas qualidades se concretizaram no voo e nas mudanças de rota que marcam o 2. SPA | NINHO.
Com uma programação prevista para acontecer nas premissas da Escola de Educação Física, vimos a necessidade de adaptar nossos planos diante de mais uma investida do agora ex-presidente Jair Bolsonaro contra o ensino público gratuito e de qualidade que resultou numa paralisação nacional das universidades federais. Como uma forma ativa de aderir ao protesto, realizamos de modo emergencial o Ninho na Praça, com rodas improvisadas nos bancos da Cinelândia. Ali, no centro da cidade, partilhamos nossas pesquisas, abertos ao que a rua nos convoca: o trânsito, o transe e a alteridade. Realizamos ainda um segundo dia de programação remota.
Por conta de toda essa reconfiguração, a ordem dos textos nestes anais respeita a lógica das linhas de pesquisa que compõem o nosso Programa e se agrupam em ninhos tramados por vizinhança temática.
Desejamos uma boa leitura de voos longínquos!