Escrito por Sylvia Jane Crivella e Eliana Ovalle, Relações perigosas é um livro sobre mulheres guerreiras que se tornaram fortes a partir de momentos de fraqueza. Em quatro contos escritos a partir de histórias reais conhecidas pelas autoras a partir dos seus trabalhos sociais engajados às causas femininas, as autoras descrevem as trajetórias de quatro mulheres em situações semelhantes às vivenciadas por qualquer mulher ao longo de suas vidas – ou por suas mães, filhas, avós ou amigas. São narrativas que envolvem conflitos e dificuldades encontrados em diferentes classes sociais e relacionados às escolhas que todas devem fazer. Cada conto recebe o título de uma estação do ano, pois revela um pouco do seu clima, assim como, das fases de nossas vidas. Em “Primavera”, Patrícia, educada pela mãe como se a vida fosse um conto de fadas, percebe ao entrar na faculdade que não existem príncipes encantados. Vera, protagonista de “Verão”, por outro lado, criou uma carcaça após uma decepção amorosa – e, quando conhece um admirador, acaba deixando de ouvir sua voz interior. Já Olívia, em “Outono”, pulou a etapa da vida em que deveria brincar de bonecas para assumir o papel de dona de casa. Clamando por atenção, carinho e proteção, se torna presa fácil para um sedutor. Por último, em “Inverno”, Ingrid, após um trauma na infância, cai numa armadilha quando, já adulta, se envolve afetivamente pela primeira vez. Num texto cativante, Sylvia e Eliane abordam temas como superproteção, baixa autoestima, frivolidades, drogas, rejeição, depressão, bipolaridade, aborto, pedofilia e dependência virtual, entre outros, para chamar a nossa atenção ao perigo das relações abusivas e destrutivas. Ainda que conflitos existam em todo e qualquer relacionamento humano, as autoras deixam claro que há certas bandeiras que não podem ser desprezadas. Relações Perigosas, ao mesmo tempo em que apresenta ao leitor a coragem dessas quatro mulheres ao retomar para si as rédeas de seus destinos com muita fé e esperança, faz ainda uma grande reflexão sobre um novo olhar masculino que começa a despontar nos tempos atuais. Esses homens são, nas palavras da artista plástica Maria Araujo, que assina o prefácio, “novos personagens que nos enchem de orgulho porque demonstram o desejo ao absorver o outro sexo como um igual, aceitando e respeitando sua evolução e o merecido direito feminino nas funções que desejem se ajustar”.