Esta obra faz parte da coleção "Espaço Filosófico", que traz ensaios exigentes e vigorosos que dedicam atenção às questões focalizadas pela Filosofia, em diálogo com as disciplinas que compõe o arco das Ciências da Religião. São ricos em documentação e de agradável leitura, rigorosos mas apaixonados, e abrangendo amplo leque de assuntos pluridisciplinares, sem renunciar ao crivo da crítica e a questionamentos radicais./nBruno Forte é um teólogo do sul da Itália e de grande projeção internacional. Os textos coligidos nesse livro reproduzem em sua grande maioria as aulas por ele proferidas na Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Verona, norte da Itália, de 2 a 6 de maio de 1994. Versam a questão da modernidade, cujo grande protagonista é o eu, ou seja, o mundo da identidade, tanto em seu aspecto subjetivo, como em seu aspecto absoluto. Contrapondo-se a essa visão definitiva e abrangente, surge a pós-modernidade, que coloca de maneira angustiada e inquieta a questão do outro. /nO outro é o nada em relação ao tudo do eu, ou então, a reciprocidade imediata, ou, ainda, o outro totalmente Outro, só atingível por meio do evento de seu doar-se e pelas formas de seu revelar-se. Esse é o problema de que se ocupa a obra: trata de Deus, como problema de fundo, que atravessa toda a modernidade e vem encontrar uma nova fisionomia na pós-modernidade, condicionando a reflexão teológica e tornando patente sua continuidade com a própria experiência religiosa./nOs capítulos se sucedem estudando a revelação, em Hegel e Schelling, a redescoberta do Objeto puro, em Karl Barth, a fé filosófica e a fé revelada, em Karl Jasper, a relação entre a revelação e a antropologia, em Rudolf Bultmann e Karl Rahner, a problemática da revelação na ótica do personalismo de Emmanuel Mounier, a problemática da natureza e da graça em Dostoiévski e Henri De Lubac, assim como da revelação em relação com a ontologia, em Heidegger e Lévinas, com o tempo, em Friedrich Nietzsche, com a escatologia e, finalmente, com a resistência política, em Dietrich Bonhoeffer./nTodos os estudos convergem para uma conclusão, expressa poeticamente, em que, na nossa experiência religiosa descobrimos, enfim, a perfeita intimidade ou união entre o sujeito e o outro, entre nós mesmos, que não somos senão em Deus, que é: Então, não mais sendo,/ és. Eu em ti estou./ Em mim estás./ Sou quem és./ És quem sou.