Ninguém resiste à sedução de Santa Teresa. Não foi diferente com Marcelle Auclair, da Academia Francesa, a quem pareceu inevitável escrever-lhe a vida. Prendeu-se a ela como se fosse a sua sombra, não lançou mão senão das fontes autênticas, do testemunho dos contemporâneos, da sua correspondência, em que encontramos não apenas o ritmo vivo da sua palavra, mas o som da sua voz. Mostrou-a tal como foi, realizando em si a fusão de Marta e Maria, e fazendo da contemplação a mais poderosa e ativa das alavancas: "Minhas filhas, não nos entristeçamos quando a obediência nos empregar em coisas exteriores. Se for na cozinha, lembrai-vos de que Nosso Senhor está no meio das panelas!".

Teresa não foi somente uma carmelita autêntica, mas o seu nome é também um dos mais gloriosos do calendário dos santos e da literatura mística. Ignora-se muitas vezes, porém, que foi igualmente encantadora. Deixando-a viver como ela viveu, desapegada do mundo, mas integrada na sua família de conquistadores e na Espanha de Filipe II, a autora mostra-a na multiplicidade dos seus dotes.